sexta-feira, 28 de maio de 2010

Como apoiar ditaduras e parecer democrático

A seleção brasileira vai ao Zimbábue. Vai jogar contra o catadão local como forma de preparar o grupo para a Copa.

O Zimbábue vive uma das mais grotescas ditaduras da história moderna. O autoproclamado líder, Roberto Mugabe, está por lá faz 30 anos. A inflação é de 165.000% ao ano. Não é erro de digitação, embora eu seja dada a eles – o número é 165 mil mesmo. A renda per capita não chega a U$300 e a expectativa de vida, segundo li no caderno de esportes de O Globo, é de 43,4 anos. Se morássemos no Zimbabue, Dunga e eu estaríamos perto do fim de nossos dias.

Ainda assim, o Zimbábue, essa espécie de purgatório terrestre, vai pagar à CBF, pela enorme honra de receber a seleção brasileira em seu paupérrimo território, R$ 3,2 milhões (esse é o número oficial; há quem diga que é bem mais do que isso). Dinheiro, evidentemente, público, ou seja, dinheiro do povo daquele país.

E a CBF, essa nossa entidade presidida pelo mesmo homem há 20 anos, acha que tá valendo. Tá tudo certo em aceitar a graninha do Zimbábue, tudo certo em fazer uma visitinha festeira ao totalitarismo local, tudo certo em dar um pulinho por lá e apertar as mãos do ditador.

Fosse o Irã mais pertinho, ninguém precisaria ir ao Zimbábue.

2 comentários:

  1. Fiquei tão preocupado com os zimbabuenses (?) lançarem mão da irmandade africana e quebrarem o Kaká que não tinha me atentado a isso. Um absurdo!

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  2. Só você pra me fazer ler essas seletividades sem achar que perco meu tempo.

    <3 <3 <3 Mary Emilly <3 <3 <3

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